Em A pele que habito (2011) Almodóvar misturou drama e terror numa história tensa e surpreendente. Seu filme seguinte é bem diferente, voltado para o lado noveleiro do diretor, além de retomar as divertidas personagens gays - aqui mais divertidas como nunca, pois é uma comédia das boas. Os amantes passageiros é uma história passada nas alturas, num voo que sai de Madri para o México mas que por problemas no trem de pouso precisa ficar sobrevoando a Espanha enquanto não se descobre uma solução. A tripulação dá soníferos a todos da classe econômica, mas os da primeira classe ficam acordados e se transformam em personagens de uma louca comédia: a cafetina de luxo que guarda segredos de homens poderosos, a mulher com poderes sobrenaturais que se apaixona por uma ereção, um pai que há muito tempo não vê a filha que fugiu de casa, o chefe dos comissários de bordo que é amante do comandante casado. Uma história novelesca e impagável que se afasta um pouco dos dramalhões envolvendo gays e aborda a temática de um modo muito mais leve e divertido. Prova do talento e versatilidade de Almodóvar.
Nota: 8,0/ 10
Nota: 8,0/ 10
As histórias passadas na cabeça de Marcelo (Wagner Moura) sempre foram dignas de virar filme, especialmente porque ele conseguia transformar quase todas em realidade, às graças a um dom excepcional de mentir e fazer com que todos acreditassem - na verdade, uma doença que o impedia de encarar sua vida e o fazia encarnar as mais diversas personagens. VIPs é baseado na história real de Marcelo Nascimento da Rocha, estelionatário cuja maior proeza foi se passar por Henrique Constantino, filho do dono da Gol, durante uma micareta em Recife, com direito a ser entrevistado ao vivo por Amaury Jr. A história foi um escândalo, Marcelo está preso até hoje, mas tão cedo não será esquecido, ainda mais depois de ser vivido (muito bem, diga-se de passagem) por Wagner Moura. Esse é o trabalho que enche os olhos de qualquer ator, pois a palavra chave é versatilidade. Numa personagem que divide sua personalidade em centenas, praticamente um homem camaleão que se adapta a qualquer realidade criando um universo de mentiras. Mais um sucesso de nosso cinema.
Nota: 8,5/ 10
Nota: 8,5/ 10
Esqueça as animações bonitinhas, alegres, coloridas. Mary e Max dá alguns passos à frente para retratar a estranha amizade entre uma menina australiana e um judeu de meia-idade novaiorquino. Criada num ambiente nada politicamente correto, Mary resolve escrever para o primeiro endereço que ela achasse num catálogo telefônico dos Estados Unidos, e assim ela manda uma carta para Max contando sobre sua vida, sua paixão por doces, especialmente leite condensado e sua teoria de que as crianças vêm em canecas de chope. Max responde, e os dois vão mantendo contato por anos a fio - e como toda amizade que se preze, esta é cheia de altos e baixos. Max sofre da síndrome de Asperger, um tipo de fobia social caracterizada pela dificuldade em expressar e entender emoções.Sua doença às vezes abala a relação com a menina, mas acaba sendo de grande importância na vida profissional e pessoal de Mary. Impressionante como as simpáticas figuras de massinha de modelar ilustram na verdade como a vida pode ser triste, pois o filme é realista de um modo sombrio; interessante a relação de cores: o mundo de Mary é sépia, o de Max é cinzento, cada um revelando um tom de sofrimento - assunto que é especialidade de seu diretor.
Nota: 9,0/ 10
Nota: 9,0/ 10
Em meio à tensão criada pelo bipolarismo mundial que se dividia entre o capitalismo norte-americano o socialismo soviético, agravado pela questão nuclear, Stanley Kubrick decidiu quebrar o gelo em plena Guerra Fria e satirizar o militarismo e o risco de uma guerra atômica capaz de mandar a humanidade para os ares. Dr. Fantástico começa com um general neurótico que ordena um ataque nuclear à União Soviética sem o consentimento do presidente ou do Estado-Maior, desencadeando uma complicada e quase impossível tentativa de parar os aviões, pois só ele poderia ordenar o abortamento da missão e havia isolado sua base aérea. Como uma história assim pode ser uma comédia? Contando com Peter Sellers numa tripla atuação fenomenal, fazendo as vezes d oficial da OTAN que está junto do general maluco e tenta mudar seus planos, de presidente preocupado e de Dr Fantástico, brilhante físico nuclear alemão cujo braço direito tem vida própria e parece atender ainda às ordens do 3º Reich. Além de Sellers, atores como George C. Scott, que interpreta um general tarado, abrilhantam esse filme cujo principal mérito é a direção impecável de Kubrick. Observador e ilustrador da condição humana, o diretor mostra nesses que é um de seus maiores trabalhos o medo, a ambição pelo poder e a fragilidade do homem diante daquilo que ele próprio criou.
Nota: 10
5. Bonequinha de luxo (Breakfast at Tiffany's, 1961)
Costumo dizer que aquilo que é bom de verdade consegue não se tornar clichê. No caso de Bonequinha de luxo, a beleza, a elegância e o espírito de Audrey Hepburn são os fatores que ainda impedem que um dos clássicos mais queridos de Hollywood permaneça fresco, apesar da legião de meninas cabeça oca que nunca viram (ou virão) o filme (ou viram e mal entenderam) mas exibem a imagem de Audrey em frente à joalheria e afirmam se identificar (aham, Cláudia.)
Baseado no romance de Truman Capote, o filme acompanha Holly Golightly (Audrey), acompanhante de luxo que mora em Manhattan cujo maior sonho é conquistar um milionário. Holly divide um pequeno apartamento com um gato sem nome, é uma carismática cabecinha oca e no fundo é só uma solitária buscando seu lugar no mundo. Logo no início do filme Holly conhece seu novo vizinho, Paul, um escritor mal sucedido sustentado por uma dama da alta sociedade - sim, as personagens não são exemplos de moral. Desde que conhece Holly, Paul se encanta por ela, e o carinho é mútuo. O escritor vai ver sua vida mudar depois da simpática moça, e vai tentar mudar a dela também. Tarefa fácil? Não. Tão difícil quanto não se encantar com Audrey cantando Moon River no batente da janela do banheiro
Nota: 9,0/ 10
Nota: 10
5. Bonequinha de luxo (Breakfast at Tiffany's, 1961)
Costumo dizer que aquilo que é bom de verdade consegue não se tornar clichê. No caso de Bonequinha de luxo, a beleza, a elegância e o espírito de Audrey Hepburn são os fatores que ainda impedem que um dos clássicos mais queridos de Hollywood permaneça fresco, apesar da legião de meninas cabeça oca que nunca viram (ou virão) o filme (ou viram e mal entenderam) mas exibem a imagem de Audrey em frente à joalheria e afirmam se identificar (aham, Cláudia.)
Baseado no romance de Truman Capote, o filme acompanha Holly Golightly (Audrey), acompanhante de luxo que mora em Manhattan cujo maior sonho é conquistar um milionário. Holly divide um pequeno apartamento com um gato sem nome, é uma carismática cabecinha oca e no fundo é só uma solitária buscando seu lugar no mundo. Logo no início do filme Holly conhece seu novo vizinho, Paul, um escritor mal sucedido sustentado por uma dama da alta sociedade - sim, as personagens não são exemplos de moral. Desde que conhece Holly, Paul se encanta por ela, e o carinho é mútuo. O escritor vai ver sua vida mudar depois da simpática moça, e vai tentar mudar a dela também. Tarefa fácil? Não. Tão difícil quanto não se encantar com Audrey cantando Moon River no batente da janela do banheiro
Nota: 9,0/ 10
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