domingo, 29 de maio de 2011

Os Corumbas (Amando Fontes)



Se me perguntarem qual é o meu estilo literário preferido (brasileiro), respondo sem pensar duas vezes: 2ª fase modernista, vigente de 1930 e 1945. Essa fase, também chamada de neo-realista, tem caráter político esquerdista e forte denúncia social. A maior parte dos autores desse período, como Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz, usaram a zona rural como cenário de seus livros (no caso deles, o sertão nordestino), enquanto outros, como Jorge Amado e Amando Fontes, escreveram histórias que se passam no ambiente urbano.
Amando Fontes nasceu no dia 15 de maio de 1899 na cidade de Santos, em São Paulo. De família sergipana, com apenas cinco meses se mudou para o estado nordestino. Desde a adolescência revelou talento para as letras, frequentando rodas intelectuais em Recife, Salvador e no Rio de Janeiro. Escreveu dois livros: Os Corumbas (1933) e Rua de Siriri (1937).
Os Corumbas fala da saga de Geraldo Corumba com sua mulher Josefa e seus filhos Rosenda, Albertina, Pedro, Bela e Caçulinha. Fugindo da seca da região agreste de Sergipe, eles se mudam para o Vale do Cotinguiba, região canavieira do estado, mas novamente a pobreza os obriga a se mudar, e Geraldo decide se aventurar na capital Aracaju, sonhando com uma vida digna e com bons empregos na indústria têxtil.
Mas a realidade que a família Corumba encontra é bem diferente do que havia sonhado: eles se mudam para uma pequena casa, e os salários que recebem mal dão para o sustento de todos.
Começa uma série de infortúnios para a família: Rosenda foge com um militar que posteriormente a abandona, o que a obriga a se prostituir; Pedro, após entrar em contato com idéias de esquerda, torna-se líder operário e é preso e deportado para o Rio de Janeiro; Bela, cuja saúde sempre fora debilitada, piora quando começa a trabalhar na fábrica e não consegue se recuperar, falecendo após longo sofrimento; Albertina começa a namorar com o médico de Bela, foge com ele e depois de abandonada torna-se prostituta; e Caçulinha, que havia abandonado os estudos de professora para trabalhar, após perder a virgindade com um rapaz rico e este não querer casar com ela, passa a ser amante de um homem casado, que a sustentava.
Depois de ver sua família destruída, Geraldo decide sair de Aracaju, que segundo ele foi a responsável pelo fim de sua felicidade. Ele e dona Josefa voltam para os engenhos da região canavieira.
A crítica é evidente: além de demonstrar aspectos da vida pobre dos operários, o autor acusa a indústria de destruir a instituição familiar, já que algo de ruim aconteceu a todos da família Corumba que nela trabalhavam: a prisão de Pedro, a doença de Geraldo e Bela e a prostituição das outras filhas. Além de focar a família, a obra revela outras características do poder destrutivo das fábricas, como os operários que eram vítimas de acidente de trabalho e não recebiam indenização e o modo com que as autoridades puniam greves e subversões.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Último Romance (Los Hermanos)


Meio nada a ver esse post. Só uma pequena homenagem à minha música preferida. Último romance foi composta por Rodrigo Amarante e apareceu no álbum Ventura (2003), terceiro (e melhor) cd de Los Hermanos. Supostamente fala do amor de um homem idoso por uma mulher mais nova, de um jeito bem bacana, naquele típico estilo de Amarante. Er... não tenho muita coisa pra falar, a ideia é postar a música, que acho muito boa.

Eu encontrei-a quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
Antes um mês e eu já não sei


E até quem me vê
Lendo o jornal na fila do pão
Sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena


Ah, vai! me diz o que é o sufoco
Que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia
Eu levo essa casa numa sacola


Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê, deve não ser...
Você me falou pr'eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor


E só de te ver eu penso em trocar
A minha tv num jeito de te levar
A qualquer lugar que você queira
E ir onde o vento for
Que pra nós dois sair de casa já é se aventurar


Ah, vai! me diz o que é o sossego
Que eu te mostro alguém a fim de te acompanhar
E se o tempo for te levar eu sigo essa hora
E pego carona pra te acompanhar

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Miguilim

"Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Vereda-do-Frango-d'água e de outras veredas sem nome ou pouco conhecidas, em um ponto remoto, no Mutum."
Miguilim é a emocionante personagem central de Campo Geral, novela de João Guimarães Rosa publicada em Corpo de Baile (1956). Com oito anos de idade, tenta entender o mundo ao seu redor. Mas como nem todos dão atenção às suas reflexões infantis, Miguilim encontra respostas nas conversas com seu irmão preferido, Dito, ou então nos próprios pensamentos.
Na minha opinião, foi em Campo Geral que Guimarães Rosa começou a universalizar a literatura regional, ou seja, mesmo falando de uma criança pobre do interior de Minas Gerais, ele consegue tocar assuntos de qualquer criança do mundo: a curiosidade, o medo, as descobertas, e a submissão perante os adultos.
A novela é narrada em terceira pessoa, por um narrador onisciente que não parece ser criança, mas que demonstra entender o universo infantil. A linguagem é diferenciada (assim como em toda obra de Guimarães), mas não tão complexa quanto em Sagarana ou Grande Sertão: Veredas, por exemplo.
Campo Geral narra o cotidiano de Miguilim, sem grandes acontecimentos. Mas por se tratar de um universo infantil, episódios insignificantes criam volume.Sob a vista do leitor, o menino cresce, incorpora as lições das plantas e dos bichos, absorve a sabedoria do irmão menor, e se desenvolve a cada dia, no meio dos segredos inquietantes do mundo dos adultos.
As ações mais importantes são a briga de seu pai com seu tio Terêz, a morte do irmão Dito, vitimado pelo tétano, e a chegada de dois doutores, que percebem que Miguilim tem um problema de visão. Ao experimentar os óculos de um deles, o menino fica maravilhado ao ver o mundo com mais nitidez. É um desses doutores que se oferece para criar Miguilim na cidade, onde ele poderia estudar, proposta que os pais do menino aceitam. Ao se despedir, Miguilim pede para usar novamente os óculos do doutor: "Olhava mais era pra Mãe. Drelina era bonita, a Chica, o Tomezinho. Sorriu para Tio Terêz: - 'Tio Terêz, o senhor parece com o pai...' Todos choravam".
Em 2007 foi lançado o filme Mutum, baseado em Campo Geral.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

João Guimarães Rosa


Tá aí  um de meus escritores preferidos, e o que acho mais genial. Guimarães Rosa. JG. O cara que transformou a prosa brasileira e também a universal, fazendo parte da revolução literária no século XX.
Guimarães Rosa (Joãozito, para os parentes) nasceu em 27 de junho de 1908, na cidade mineira de Codisburgo, a "cidade do coração". Desde criança, gostava de ficar em seu quarto, lendo sem ser interrompido.  Aos seis anos de idade leu o primeiro livro em francês, desde então mostrando sua grande habilidade com idiomas. Anos depois aprendeu holandês com um frade franciscano, e ao ingressar num colégio de Belo Horizonte, aprendeu alemão. Com apenas dezesseis anos entrou na Faculdade de Medicina, onde se formou em 1930, com vinte e dois anos. No mesmo ano casou-se pela primeira vez, com Lígia Cabral Penna, com quem teve duas filhas: Vilma e Agnes. O casamento durou apenas poucos anos.
Depois de formado, Guimarães se mudou para Itaguara, sendo um pioneiro da interiorização da medicina. Em 1932 participou da Revolução Constitucionalista ao lado das tropas legalistas, onde servia como médico. Foi na ocasião em que conheceu Juscelino Kubitschek, que era capitão-médico da PM de Minas e que se tornou seu amigo. Acreditando não ser capaz de aliviar a dor das pessoas, Guimarães frustrado, abandona a medicina em 1934, prestando concurso para o Itamaraty, onde obteve o segundo lugar, iniciando uma carreira brilhante na diplomacia.
Em 1937 inscreveu seu primeiro livro de contos no concurso literário Humberto de Campos, sob o pseudônimo de Viator. Ficou em segundo lugar. Só em 1946, depois de alguns cortes e adaptações, ele lançou o livro, com o título de Sagarana.
Em 1938 foi enviado à Alemanha para ocupar o cargo de cônsul adjunto (vice-cônsul) em Hamburgo. Foi aí que conheceu Aracy de Carvalho, com quem se casou posteriormente. Aracy era a responsável pela seção de passaportes no consulado, onde salvou a vida de centenas de judeus, enviando-os para o Brasil. Guimarães, quando descobriu, ajudou sua mulher. Tal atitude do casal foi reconhecida pelo Estado de Israel, que os homenageou incluindo seus nomes no Jardim dos Justos entre as Nações, homenagem dada àqueles que contribuíram com o povo judeu durante o Holocausto.
1946 foi o ano em que Guimarães surpreendeu público e crítica com o lançamento de Sagarana, que tinha três contos e duzentas páginas a menos daquele apresentado em 1937. O segundo livro só chegou dez anos depois: Corpo de Baile, um ciclo de novelas que em sua terceira edição foi dividido em três partes: Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do Sertão. Meses depois foi lançada a obra-prima do autor, seu único romance, Grande Sertão: Veredas. O livro foi eleito um dos cem mais importantes do século XX. É nele que Guimarães consegue um feito memorável: universalizar o regional; usar o ambiente sertanejo para expressar aspectos humanos como amor, ciúme, medo, traição e saudade.
O livro seguinte foi Primeiras Estórias (1962), livro de contos que inclui A terceira margem do rio, um dos mais famosos e estudados contos do autor. Eleito para a Academia Brasileira de Letras por unanimidade em 1963, decidiu adiar a posse, por uma estranha superstição. Em 1967 foi lançado Tutaméia, terceiras estórias, livro que, segundo a crítica, resume a obra rosiana. No mês de novembro do mesmo ano, Guimarães deciciu tomar posse na ABL, o que aconteceu do dia 16. No discurso de posse homenageou a cidade natal Codisburgo e o amigo João Neves da Fontoura.
No dia 19 de novembro de 1967, aos cinquenta e nove anos de idade, João Guimarães Rosa sofreu um ataque cardíaco em sua casa em Copacabana, quando estava sozinho. Nesse ano o autor seria indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, o que não aconteceu devido ao seu falecimento. Guimarães deixou um legado de nove obras literárias, além de uma importante carreira diplomática e uma inspiradora história pessoal. Poliglota (falava oito línguas, conseguia ler quatro e era entendido de muitas outras), usou seu conhecimento linguístico para compor em seus livros uma linguagem única, resultado do encontro do falar simples do sertão com as normas acadêmicas.

Bibliografia:
- Magma (1936), contos e poemas
- Sagarana (1946), contos
- Com o vaqueiro Mariano (1947), reportagem poética
- Corpo de Baile (1956), reunião de novelas que em 1963 foi dividido em três partes:
     - Manuelzão e Miguilim
     - No Urubuquaquá, no Pinhém
     - Noites do Sertão
- Grande Sertão: Veredas (1956), romance
- Primeiras estórias (1962), contos.
 - Tutaméia:Terceiras estórias (1967), contos
 - Estas estórias (1969), contos. Obra póstuma
 - Ave, palavra (1970) diversos. Obra póstuma.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Concerto - uma loucura chamada Tchaikovsky


O Concerto apareceu em Aracaju em fevereiro, na sessão CineCult. Normalmente eu nem olho pra essa sessão, mas o filme foi muito bem indicado, e eu fui assistir. E posso dizer que valeu muito a pena. A combinação de música, história soviética, frustração do passado e bom humor deu certo.
Em 1981, na Era Brejnev, Andrei Filipov era o maior maestro da União Soviética e estava à frente da Orquestra do Bolshoi. Depois de contrariar as ordens do Partido Comunista, que exigia a demissão dos músicos judeus, incluindo seu melhor amigo, o violoncelista Sacha, Andrei foi expulso do Bolshoi e humilhado na noite de um importante concerto por Ivan Gavrilov, um dos diretores do Partido.
Quase trinta anos depois, Andrei é um faxineiro que trabalha onde antes havia sido o maior astro: no prédio do Bolshoi. Mas ao descobrir que a orquestra russa fora convidada pelo teatro francês Châtelet, resolve reunir os antigos amigos e fazer a apresentação no lugar do verdadeiro grupo do Bolshoi. Para isso, ele recorre a seu amigo Sacha e a Gavrilov, que fora empresário musical.
Andrei decide apresentar o Concerto de Tchaikovsky para violino e orquestra, o concerto que ele executava quando foi obrigado a encerrar a carreira. A solista escolhida é a jovem francesa Anne-Marie Jaquet (Mélanie Laurent - Bastardos Inglórios), uma das mais renomadas da atualidade.
O filme tem uma sucessão de cenas divertidas e inusitadas, tais como a ida frustrada ao aeroporto de Moscou e as gritarias e bebedeiras pelas ruas de Paris, além dos vários bicos arranjados pelos membros da orquestra para tentar obter lucro de sua viagem francesa que quase os impediram de realizarem o objetivo daquele circo todo: o concerto.
Eu nem sei o que mais se destaca em O concerto (Le concert, 2009): se é a música, a determinação de Andrei, a bela história por trás da história de Anne-Marie ou o bom humor do filme. Na verdade, o longa puxa mais pro lado da comédia, e o que não faltam são situações engraçadas, principalmente na primeira parte, onde os russos mostram que não são só os brasileiros que têm um "jeitinho" pra driblar dificuldades. O Concerto de Tchaikovsky, além de música-tema do filme, faz parte da história de Andrei e é o elo de ligação entre ele, Sacha e Anne-Marie (e é muito viciante!).
Também é interessante ver a Rússia e seus reflexos da antiga União Soviética, como o Partido Comunista, muito enfraquecido; a inflação que começou na década de 80 e até hoje perturba os russos; a burocracia soviética que perdura e a Máfia russa com seus bilionários - impressionante como um pais que fora comunista e em menos de vinte anos tem mais de cem bilionários, muito desses anteriormente ligados ao governo soviético.

Ficou interessado? O Concerto está disponível pra download em alguns blogs (recomendo o Laranja Psicodélica). Vale muito a pena. E se quiser o tal concerto de Tchaikovsky,  clique aqui .

terça-feira, 17 de maio de 2011

Escrito nas Estrelas (Sidney Sheldon)


Domingo, no post sobre Sheldon, ia escrever também sobre algum livro dele, mas era tanta coisa pra falar sobre o velho, que o post ia ficar grande demais.
Em 2004, fui à estante de minha mãe procurar uns livros pra preencher o tempo disponível, e percebi um nome que se repetia: Sidney Sheldon. Ao todo eram doze títulos diferentes, e pensei: "se aqui tem um monte é porque o cara é bom". Escolhi Escrito nas Estrelas ao acaso, mas depois descobri que foi uma ótima escolha.
O livro é um grande flashback de sua protagonista, a empresária Lara Cameron, na noite de seu aniversário de quarenta anos. Diante da ameaça de perder boa parte de seus bens, Lara relembra sua trajetória desde a pequena cidade de Glace Bay, fundada por escoceses, até se tornar um dos maiores nomes da construção civil nos Estados Unidos.
Órfã de mãe e criada por seu pai James Cameron, um homem alcoólatra e devasso, Lara cresceu na pensão em que seu pai era gerente, cercada por vários trabalhadores da cidade que moravam na pensão. Esnobada por seu pai, que a considerava parte de seu "destino trágico", a menina sonhava com o dia em que seria rica e amada por seu Lochinvar (príncipe do folclore escocês). Alheio às ofensas de James, Lara crescia e se tornava cada vez mais bonita, sendo assediada por colegas e vizinhos.
Quando o pai faleceu, a menina decidiu ocupar seu emprego, administrando a pensão, que pertencia ao banqueiro da cidade, o velho Sean MacAllister. Foi na pensão que ela conheceu Charles Cohn, representande de uma grande rede de lojas, que tinha a missão de encontrar um prédio em Glace Bay para instalar uma filial da empresa. É aí que Lara dá o salto inicial de sua carreira: propõe a Cohn construir um edifício, que ele arrendaria por cinco anos. Foi através de um empréstimo de MacAllister -obtido com a condição de que a jovem dormisse com ele- que Lara construiu o prédio, e dois anos depois, com várias obras realizadas na cidade, se mudou para Chicago, sonhando em se tornar uma grande empresária
Em Chicago, conheceu Howard Keller, um executivo que logo se apaixonou por ela e a ajudou na construção de um hotel de luxo. Com o sucesso do hotel, Lara e Keller se tornaram sócios, fundando a Cameron Enterprises. A partir daí, o nome Cameron ganhou projeção e com poucos anos se tornou referência entre os construtores da cidade. Depois de consolidar sua empresa em Chicago, Lara se muda para Nova York. Devido a um problema na primeira obra que fez na cidade, ela conhece o advogado Paul Martin, descendente de italianos e de ligações com a Máfia. Os dois iniciam um romance, e Martin acaba se envolvendo nos negócios de Lara.
Implacável quando o assunto era a empresa, Lara fica conhecida como "a Borboleta de Ferro". Mas a atitude autoritária contrastava com sua generosidade. Ela sempre ajudava os funcionários no que podia, tendo, inclusive, pago todos os custos do tratamento contra o câncer de sua secretária.
Em uma viagem a Londres, Lara conheceu o maestro Phillip Adler, e o imaginou como seu Lochinvar. Apaixonada pelo músico, tentou se aproximar dele de diversas formas, até que descobriu que ele também a amava. Depois de um casamento às pressas na Europa, ela volta para Nova York, onde passou a se dedicar menos ao trabalho. O que ela não esperava é que Martin, ainda apaixonado por ela, pudesse querer se vingar - e infelizmente ele sabia como acertá-la em cheio. Pra piorar, Lara descobre da pior forma que seu casamento poderia não ser um conto de fadas.

Acho que de todas as super mulheres que Sheldon compôs para protagonizar seus livros, Lara Cameron é uma das mais interessantes. Devido às ofensas vindas do pai e do abuso cometido pelo banqueiro MacAllister, Lara decidiu ser forte e nunca mais deixar que ninguém a oprimisse - em especial os homens. Tal atitude é demonstrada na fato de participar de uma área tradicionalmente masculina, a construção civil. Mas vemos que debaixo da armadura há uma mulher romântica e meio carente, que tem um bom coração. Essa dualidade é muito bem trabalhada pelo autor e conribui para o sucesso da personagem.
Escrito nas Estrelas foi lançado nos Estados Unidos em 1992.

domingo, 15 de maio de 2011

Sidney Sheldon

Sidney Sheldon (1917-2007) foi um cara que soube deixar sua marca na indústria cultural americana. Em 1936, quando chegou a Hollywood, começou a trabalhar como adaptador de obras literárias para o cinema. Foi a adaptação do livro Ratos e homens que lhe garantiu um contrato com a Universal, o que foi o início de uma bem-sucedida relação com o cinema. Em cerca de vinte anos Sheldon participou de trinta filmes como roteirista, diretor e produtor.
Na década de 50, resolveu tentar a sorte na Broadway, encenando oito peças. Algumas fizeram sucesso (Rodhead ganhou o Tonny -o '"Oscar do teatro americano"- e ficou dois anos em cartaz), outras nem tanto (Roman candle ficou apenas uma semana em cartaz). Do teatro, foi para a televisão, onde criou mais de duzentos roteiros, dentre eles Jeannie é um gênio e Casal 20.
Foi só em 1970, com 57 anos de idade, que Sheldon lançou seu primeiro livro, A outra face, bem recebido pelo público e pela crítica, vencendo, inclusive, o Prêmio Edgard Allan Poe como "Melhor Livro de Estréia". A obra seguinte, O outro lado da meia-noite, ficou na lista de mais vendidos do The New York Times por 53 semanas seguidas, atingindo a primeira colocação várias vezes.
Seu estilo era inconfundivel: protagonistas geralmente femininas, de personalidade forte e carregadas de sensualidade (segundo Sheldon, a feminilidade é uma vantagem é que as mulheres têm sobre os homens), suspense constante e ações marcadas por elementos como fama, fortuna, crimes e intrigas. Foram essas características que tornaram todos os livros do autor verdadeiros best-sellers. Ao todo, Sheldon vendeu mais de 340 milhões de exemplares em 180 países, sendo traduzido para 51 idiomas. Por isso é considerado pelo Guiness o autor mais traduzido do mundo.
Foi em 2007, pouco antes de completar 90 anos, que Sheldon faleceu, deixando uma legião de fãs pelos quatro cantos do mundo. Seus últimos livros foram Quem tem medo de escuro? (2004) e O outro lado de mim, autobiografia (2005).
Acho que tinha 10 anos quando li Sidney Sheldon pela primeira vez. O livro foi Escrito nas Estrelas (quando eu falar dele aqui, vocês vão ver que não é livro pra um guri de 10 anos), e eu gostei tanto que logo depois li mais quatro. Desde então, todo ano lia pelo menos um, até que nesse ano li o último dos doze que tem aqui em casa. O "tio Sid" até hoje é meu autor preferido, então ainda vou falar muita coisa dele por aqui.

Antes, uma explicação

O blog Sagaranando é resultado de anos de leitura e de vários meses de férias sem muita coisa pra fazer. Quando me sugeriram a ideia de um blog, discordei. Mas pensando melhor, resolvi tentar. Não deve ser difícil falar de histórias, autores e personagens.
Quanto ao título... Sagarana é o nome do primeiro livro de Guimarães Rosa, e um de meus preferidos. A palavra foi inventada pelo autor e sugere narração.
Enfim, Sagaranando é um ato contínuo de contar histórias, seja de livros, filmes, ou até mesmo músicas e qualquer outra coisa que surgir pela cabeça.
Boa leitura!