sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Filmes pro final de semana - 07/08

1. Oito mulheres e um segredo (Oceans'8, 2018)
Spin-off da aclamada trilogia Ocean's - no Brasil, 11 homens e um segredo e aí por diante -, liderada por George Clooney, o filme traz Sandra Bullock no papel de irmã do personagem de Clooney. Debbie Ocean (Bullock) sai da cadeia e encontra sua parceira de longa data, Lou (Cate Blanchett), e as duas começam a acertar os detalhes de um plano que Debbie elaborou durante os anos em que ficou presa: o roubo de um lendário colar de diamantes que vale centenas de milhões de dólares. Para isso, montam um grupo que envolve uma hacker (Rihanna), uma estilista falida (Helena Bonham Carter), uma ladra profissional (Awkwafina), uma fabricante de joias (Mindy Kaling) e uma contrabandista (Sarah Paulson). Mirando a atriz Daphne Kugler (Anne Hathaway), que usará o colar num jantar de gala, a quadrilha liderada por Debbie nos dá um filme que não é apenas uma versão feminina da trilogia protagonizada por George Clooney, apesar de usar e abusar da mesma fórmula. Ser mulher faz parte do plano: "Se for ELE, é notado. Se for ELA, é ignorada. E pela primeira vez, queremos ser ignoradas", diz Debbie às suas companheiras.
Nota: 8,0/ 10
2. O estranho que nós amamos (The Beguiled, 2017)
Um filme que traz a assinatura de Sofia Coppola a cada cena - assim, podemos resumir a essência de O estranho que nós amamos, o que é suficiente para dar motivo para este longa ser visto, considerando a sólida obra que a diretora produziu nos últimos vinte e poucos anos. Ambientado no estado da Virgínia em plena  Guerra Civil, o filme se passa num casarão onde funciona uma escola para moças, dirigida por Martha Farnsworth (Nicole Kidman); as outras ocupantes da escola são a professora Edwina (Kirsten Dunst) e cinco alunas de diferentes idades. A tediosa rotina da escola muda quando um soldado ianque (Colin Farrell) é encontrado nas proximidades da propriedade gravemente ferido e é acolhido pelas sete mulheres. A intenção inicial é salvar o militar para entregá-lo às tropas sulistas assim que ele estivesse recuperado, mas com o passar do tempo surgem desejos e interesses pelo estranho - uns inocentes, outros nem tanto. Num clima introspectivo, sóbrio e repressivo, Sofia Coppola conduz uma parábola sobre desejo e manipulação, demonstrando talento de sobra na direção - trabalho reconhecido com o Prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes.
Nota: 9,5/ 10
3. Spotlight - segredos revelados (Spotlight, 2015)
O ano é 2001 e o jornal The Boston Globe tem um novo editor-chefe, Marty Baron (Liev Schreiber). Logo em seus primeiros dias após assumir o comando do jornal, Baron se interessa por uma coluna assinada pelo excêntrico advogado Mitchell Garabedian (Stanley Tucci), a qual dizia que o arcebispo de Boston tinha conhecimento de casos de abuso sexual praticados por padres e não fazia nada a respeito - apenas mudava os padres de paróquias. Baron convoca a equipe Spotlight, especializada em jornalismo investigativo, para assumir o tema. Liderados por Walter Robinson (Michael Keaton), os jornalistas da Spotlight enfrentam a difícil tarefa de encontrar vítimas e extrair depoimentos, e o desafio ainda maior de ter conseguir provas contra membros da poderosa e influente Igreja Católica de Boston. Neste filme intenso e despretensioso, o espectador é colocado dentro da redação do jornal, nos bastidores da notícia, presenciando o difícil e minucioso trabalho do jornalismo investigativo - trazendo à lembrança filmes como o maravilhoso Todos os homens do presidente, de 1976. Spotlight venceu os Oscar de melhor filme e melhor roteiro original.
Nota: 9,5/ 10
4. Quincas Berro d'Água (2010)
Quando Quincas Berro d'Água (Paulo José), o rei dos vagabundos da Bahia, foi encontrado morto no dia do próprio aniversário, uma nuvem de tristeza pairou sobre o Pelourinho e pelos cais de Salvador. Sendo muito bem quisto pelos bêbados, prostitutas, pescadores e jogadores, sua morte pôs de luto todos os marginalizados e personagens da noite que o conheciam. A notícia da partida de Quincas promove o inusitado encontro dos dois lados de sua vida: seus amigos pobres e boêmios, que dividiram com ele os últimos anos, e a família de classe média que ele largou por não suportar mais a pacata e hipócrita vida de funcionário público e cidadão exemplar. Depois de os amigos vagabundos conseguirem se livrar dos familiares do defunto, uma série de fatos estranhos os faz acreditar que Quincas estava vivo e pregando uma peça neles. A turma então percorre as vielas e becos, por bares, terreiros de candomblé e prostíbulos, fazendo algazarra enquanto os parentes e a polícia tentam encontrá-los e sua filha Vanda (Mariana Ximenes) mergulha em lembranças da infância com o pai exemplar e sua posterior transformação em pária da família. Baseado numa das mais conhecidas novelas de Jorge Amado, o filme é fiel à obra ao retratar tão bem arquétipos da noite e dos problemas sociais da Bahia.
Nota: 9,0/ 10
5. O segredo dos seus olhos (El secreto de sus ojos, 2009)
Argentina, 2009. Benjamín Esposito (Ricardo Darín) é um oficial de justiça (meio delegado, meio investigador) recém aposentado que decide ocupar o tempo livre escrevendo um livro a partir das memórias de um caso marcante que ele investigara vinte e cinco anos antes. Era 1974 e a Argentina vivia sob um governo ditatorial, uma época de bastante violência, não apenas relacionada à política. O departamento de Esposito recebeu a missão de investigar o estupro seguido de morte de uma jovem; um crime bárbaro que ganhou repercussão. Durante a investigação ele conhece o marido da vítima, Ricardo (Pablo Rago), por quem desperta empatia e passa a ter uma relação cordial, chegando a prometer encontrar o culpado. A difícil missão de Esposito conta com a ajuda de seu parceiro alcoólatra Pablo Sandoval (Guillhermo Francella) e de Irene Hastings (Soledad Villamil), sua chefe imediata - por quem Esposito nutre uma paixão secreta. O filme tem o mérito de unir investigação policial, romance e análise histórica numa história muito intensa e envolvente, vencedora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e do Prêmio Goya.
Nota: 10


Luís F. Passos

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