Vencedor da Palma de Ouro em 2012 e candidato ao Oscar em diversas
categorias principais, Amor chamou mais ainda os holofotes para o cinema
francês. Dirigido pelo austríaco Michael Haneke, conhecido pela
sobriedade e simplicidade de seus filmes, Amor aborda o mais
universal dos temas a partir de um casal de idosos, dois professores de
música aposentados, em um amplo e confortável apartamento em Paris -
praticamente o único cenário do filme. Quando Anne (Emanuelle Riva)
sofre um derrame, em um momento chocante em que fica paralisada, seu
companheiro de décadas Georges (Jean-Louis Trintignant) passa a tomar
conta dela, num esforço enorme para alguém de sua idade. Anne vai aos
poucos definhando, substituindo a outrora expressão viva e alegre por
uma máscara mortuária, e ao mesmo tempo o longa se torna tenso a partir
dos cuidados obstinados de Georges e sua preocupação com o futuro.
Nota: 10
2. Na Estrada (On the Road, 2012)
Baseado em um dos livros mais inspiradores do século XX, Na estrada
acompanha o aspirante a escritor Sal Paradise (Sam Riley) e a sua vida
depois de conhecer o vibrante e meio doido Dean Moriarty (Garett
Hedlund), um poço de energia e carisma que se torna seu melhor amigo.
Juntos e ao lado de outros amigos que compartilham a vontade de
experimentar e conhecer o mundo, os dois vão e voltam pelas estradas
americanas, muitas vezes de uma costa a outra, presenciando (e
contribuindo com) o nascimento na contra cultura no fim da década de 40.
Destaque para a presença de Kristen Stewart, que faz Marylou, a
namorada de Dean, e que mesmo fumando maconha ou no meio de cenas de
sexo continua com a cara de lerda; e Kirsten Dunst, que interpreta a
esposa que Dean mantém em algum canto e como sempre é puro talento.
Talvez por ser originado de um livro tão especial para quem o leu,
dificilmente Na estrada será chamado de perfeito, mas eu reconheço sua alta qualidade.
Nota: 9,0/ 10
3. 127 horas (127 hours, 2010)
Um dos maiores destaques entre os grandes filmes do Oscar 2010/ 2011 foi
o longa estrelado por James Franco e baseado na história real do
alpinista Aron Ralston, que sofreu um acidente e ficou preso por uma
pedra por mais de cinco dias numa fenda no Grand Canyon, tendo como
companhia apenas uma câmera com a qual gravou pequenos depoimentos de
seu infortúnio, um pequeno cantil com cada vez menos água e uma faca
quase cega, com a qual seria quase impossível fazer o ato desesperado
que poderia tirá-lo dali: cortar o próprio braço. Ao longo de noventa
minutos de filme, vemos o ótimo trabalho de James Franco, que leva
praticamente sozinho a história e transmite todos os sentimentos de
Aron, principalmente o medo de morrer num buraco no meio do deserto.
Excelente atuação que rendeu ao ator tudo que foi indicação, ao Oscar,
Globo de Ouro, SAG, etc... mas tinha um Colin Firth em O discurso do rei no meio do caminho.
Nota: 9,0/ 10
4. Reencontrando a felicidade (Rabbit Hole, 2010)
Só quem já perdeu alguém próximo, seja parente, amigo ou outro ente
querido sabe a dor que a morte pode causar. E essa dor tem fim? É essa a
pergunta que Reencontrando a felicidade levanta a partir de um casal,
Becca (Nicole Kidman) e Howie (Aaron Eckhart), que perdeu o pequeno
filho num acidente de carro. Enquanto Howie tenta tocar a vida pra
frente com o apoio de grupos e da fé, Becca parece rejeitar qualquer
tipo de ajuda, ansiando apenas ficar sozinha com sua dor - a não ser
pena estranha amizade que inicia com Jason, o garoto que dirigia o carro
que atropelou seu filho. E ainda há a mãe de Becca, Nat (Dianne Wiest),
que tenta ajudar a filha, já que também perdera um filho, apesar da
relutância dela. E talvez, a dor nunca acabe, mas se torne possível de
conviver. Ótimo filme, com maturidade e sensibilidade na medida certa,
além de marcar a volta dos grandes trabalhos de Nicole Kidman.
Nota: 8,5/ 10
5. Memórias de uma Gueixa (Memoirs of a Gueisha, 2005)
Baseado no best-seller homônimo de Arthur Golden, o filme é extremamente
fiel ao livro - e ótimo para ilustrar a beleza do Japão pré-Segunda
Guerra, militarista, desenvolvimentista e onde as gueixas tinham
importante papel na sociedade (ou a margem dela). Chiyo é uma garota
pobre, filha de pescador, que perde a mãe e é vendida para uma casa de
gueixas em Kyoto. Lá ela recebe a missão de aprender tudo para se tornar
uma gueixa, como escrita, dança, música e etiqueta, e conhece aquela
que se tornaria sua maior rival: Hatsumomo, uma linda e famosa gueixa
que vê na pequena e desajeitada Chiyo um futuro problema. Mas fora dos
problemas dentro da casa, Chiyo conhece um homem elegante e gentil, por
quem se apaixona - e cujo destino voltaria a se unir ao dela. Nenhuma
obra-prima, mas certamente um agradável e interessante filme sobre amor e
a cultura oriental.
Nota: 7,0/ 10
Luís F. Passos