Vencedor muito merecido do Oscar de melhor atriz para Cate Blanchett ano passado, Blue Jasmine
é um trabalho consideravelmente genial de Woody Allen. À primeira
vista, não me atentei muito ao filme em si porque Cate Blanchett chama
tanta atenção que é difícil tirar os olhos dos trejeitos, da elegância,
da instabilidade e das neuroses que ela cria ao dar vida à sua Jasmine,
mas só precisei de 30 segundos para perceber que me deparava com mais um
grande trabalho do diretor. O que Woody Allen faz aqui é, sabiamente,
transportar o espírito deturpado da figura lendária do cinema e do
teatro Blanche Dubois para a realidade atual do país, na esfera social
rica e privilegiada dos milionários de NY e ainda adaptá-la a crise
financeira mundial que se iniciou com especulação imobiliária há alguns
anos atrás e usar isto como estopim para toda a crise psíquica de
Jasmine. Assim como Blanche, quando na miséria, Jasmine, mais uma vez,
depende da bondade de estranhos, recorre a sua irmã e até sofre com uma
atração/repulsa pelo cunhado grosseiro. Assim como Blanche, Jasmine é a
personificação da decadência, da negação e do desespero. Claro que Uma rua chamada pecado passeia por territórios muito mais sérios e complexos que Blue Jasmine,
e as semelhanças entre os dois ficam por aqui mesmo, mas isso não nos
impede de apreciar a forma como Woody Allen reverencia a genialidade de
Tennessee Williams.
Nota: 9,0/ 10
2. Meia-noite em Paris (Midnight in Paris, 2011)
25 anos depois de Hannah e suas irmãs, Woody Allen estabelece um
novo campeão de bilheteria entre seus filmes. A história do escritor Gil
Pender (Owen Wilson), que consegue viajar no tempo na capital francesa e
aproveitar a efervescência cultural dos anos 20 encantou milhões de
pessoas por todo o mundo. Ao lado de pintores vanguardistas e escritores
que guiaram toda a literatura do século, Gil vai descobrir que mais
vale viver o presente e tentar ser feliz independente do tempo ou do
espaço. Woody passa essa lição ao longo de 1h30 em belos cenários,
fazendo a cidade luz e seu espírito serem os protagonistas do longa.
Nota: 9,0/ 10
3. Match Point (2005)
Depois de quase dez anos sem empolgar muito seu público, o grande diretor volta com tudo
dirigindo
uma trama tensa e sexy (não há palavra melhor para descrever o filme)
que se
passa em Londres, em meio à aristocracia britânica. Chris Wilton
(Jonathan R. Meyers) é um
ex-jogador de tênis que passa a dar aulas em um clube de alto padrão, e
logo
conquista a amizade de um de seus alunos, Tom Hewitt (Matthew Goode),
que o leva para
conhecer sua família. A irmã de Tom, Chloe, se encanta pelo professor,
mas
foi a noiva dele que chamou a atenção de Chris. Nola Rice (Scarlett
Johanson) é
uma aspirante a atriz com atributos físicos de deixar qualquer um doido.
Mesmo começando a namorar Chloe e consequentemente sendo cunhado de
Tom, Chris se aproxima de Nora e os dois começam um caso. A tensão
sexual que existe entre o casal de protagonistas é impressionante e
alimenta o clima de suspense que tomará conta do filme no final; não um
suspense a la Hitchcock, mas uma questão mais profunda ao estilo de
Crime e castigo.
Nota: 8,5/ 10
4. Desconstruindo Harry (Desconstricting Harry, 1997)
Woody Allen tem uma vasta obra, repleta de filmes excelentes e bem conhecidos como Annie Hall, Manhattan e Hannah e suas irmãs, e também outros não tão bons e conhecidos, mas também ótimos filmes meio desconhecidos - é o caso de Desconstruindo Harry.
Seguindo um pouco o estilo de Bergman e Fellini, Woody vive Harry,
escritor que passa por uma crise criativa, e nessa época é homenageado
pela universidade em que estudou e foi expulso. Sem ter ninguém para
acompanhá-lo, Harry leva consigo um amigo doente, uma prostituta e o
filho que teve com uma de suas ex-esposas. Ao longo do filme vemos como
Harry levou para sua obra pequenos problemas e episódios de sua vida,
inclusive transformando amigos e parentes em personagens problemáticas, o
que causou o afastamento de muitos deles. Engraçado do começo ao fim,
conta ainda com a participação de Billy Cristal, Mariel Hemingway, Tobey
Maguire, entre outros.
Nota: 9/ 10
5. Annie Hall (1977)
Diane Keaton é Annie, descontraída, sem rumos traçados pra sua
vida, vive fazendo bicos como fotógrafa e cantora em bares, que conhece o
comediante Alvy Singer (Woody Allen), um nova-iorquino judeu neurótico,
metódico, meio hipocondríaco e chato, apesar de carismático. Os dois se
apaixonam e engatam um namoro que logo no início do filme sabemos que
não dá certo. Woody Allen conta a história do casal de forma inovadora,
alternando momentos do início da relação com momentos de crise ou do
cotidiano deles enquanto viviam juntos - fora muitas outras inovações
que deram novo fôlego ao gênero da comédia romântica e o Oscar de
direção para Woody. É quase uma unanimidade de que este é o melhor filme
do diretor, que aqui traçou o esboço de muitos de seus filmes
subsequentes, e diferente dos anteriores que eram mais próximos à
comédia pastelão; e não é difícil ver que Annie Hall supera até mesmo outros grandes filmes como Manhattan e Hannah e suas irmãs. A naturalidade com que tudo é passado ao espectador e o tema do longa - afinal, Annie é
antes de tudo um filme sobre o amor - fazem dele uma fonte inesgotável
de satisfação, tornando impossível querer ver uma só vez.
Nota: 10
Bônus:
Bônus:
6. Woody Allen: Um documentário (Woody Allen: a documentary, 2012)
Woody é um cara tão simples, tão contrário a certas frescuras, que até o título do documentário sobre sua vida e obra faz o estilo "menos é mais". Com a participação do próprio Woody, parentes, amigos e colaboradores de décadas de carreira, o filme resgata a infância no Brooklyn, passa pelo trabalho como escritor e humorista, até chegar à carreira no cinema nos anos 60. Foco para a evolução do trabalho, inicialmente mais voltado para o humor, nos filmes de comédia pastelão, até que em 1977 vem Annie Hall, sua maior obra, trazendo um lado mais romântico e profundo e dando início a uma sucessão de trabalhos tendo como personagem central o alter ego do cineasta, o judeu novaiorquino paranoico, tão presente em sua obra - seja interpretado pelo próprio Woody ou por outros artistas. Destaque para a participação de várias musas do diretor, em especial Diane Keaton, que é sua melhor amiga, e também para a sua polêmica vida pessoal, sendo ressaltada a conturbada história com Mia Farrow.
Nota: 9,0/ 10
Luís F. Passos e Lucas Moura
Woody é um cara tão simples, tão contrário a certas frescuras, que até o título do documentário sobre sua vida e obra faz o estilo "menos é mais". Com a participação do próprio Woody, parentes, amigos e colaboradores de décadas de carreira, o filme resgata a infância no Brooklyn, passa pelo trabalho como escritor e humorista, até chegar à carreira no cinema nos anos 60. Foco para a evolução do trabalho, inicialmente mais voltado para o humor, nos filmes de comédia pastelão, até que em 1977 vem Annie Hall, sua maior obra, trazendo um lado mais romântico e profundo e dando início a uma sucessão de trabalhos tendo como personagem central o alter ego do cineasta, o judeu novaiorquino paranoico, tão presente em sua obra - seja interpretado pelo próprio Woody ou por outros artistas. Destaque para a participação de várias musas do diretor, em especial Diane Keaton, que é sua melhor amiga, e também para a sua polêmica vida pessoal, sendo ressaltada a conturbada história com Mia Farrow.
Nota: 9,0/ 10
Luís F. Passos e Lucas Moura
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