sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Filmes pro final de semana - 05/09

1. Na Estrada (On the Road, 2012)
Baseado em um dos livros mais inspiradores do século XX, Na estrada acompanha o aspirante a escritor Sal Paradise (Sam Riley) e a sua vida depois de conhecer o vibrante e meio doido Dean Moriarty (Garett Hedlund), um poço de energia e carisma que se torna seu melhor amigo. Juntos e ao lado de outros amigos que compartilham a vontade de experimentar e conhecer o mundo, os dois vão e voltam pelas estradas americanas, muitas vezes de uma costa a outra, presenciando (e contribuindo com) o nascimento na contra cultura no fim da década de 40. Destaque para a presença de Kristen Stewart, que faz Marylou, a namorada de Dean, e que mesmo fumando maconha ou no meio de cenas de sexo continua com a cara de lerda; e Kirsten Dunst, que interpreta a esposa que Dean mantém em algum canto e como sempre é puro talento. Talvez por ser originado de um livro tão especial para quem o leu, dificilmente Na estrada será chamado de perfeito, mas eu reconheço sua alta qualidade.
Nota: 9,0/ 10
2. Shame (2011)
Um filme polêmico, bastante controverso e incompreendido, mas inegavelmente dotado de uma profundidade emocional elogiável. Shame tem como protagonista Brandon (Michael Fassebender), um executivo solitário que mora em Nova York, mantém um alto padrão de vida e demonstra elegância e sobriedade, mas que debaixo dessa capa austera esconde um forte vício em sexo. Em busca da satisfação, Brandon busca prostitutas, parceiras casuais ou mesmo a masturbação - e apesar da exposição corporal, ele é totalmente recluso. Para perturbar seu mundo fechado, sua irmã Sissy (Carey Mulligan) aparece na cidade e vai morar com ele. É notória a diferença entre os dois: enquanto ele é introspectivo, ela busca a exposição, e o filme mantém o mistério do que os levou à tal confusão e complexidade. Através da sutil direção de Steve McQueen, é mostrada uma jornada pelo submundo emocional de Nova York sobre uma sociedade isolada e incapaz de estabelecer relações interpessoais.
Nota: 9,0/ 10
3. O escafandro e a borboleta (Le scaphandre et le pappillon, 2007)
Uma nova definição de filme lindo. Sensibilidade é a palavra chave da história de Dominique Bauby (Mathieu Amaric), que depois de sofrer um derrame é vitimado pela raríssima síndrome do encarceramento, em que todo o seu corpo fica paralisado, exceto os olhos - sendo que todas as faculddes mentais ficaram preservadas. Para completar, seu olho direito precisa ser ocluído para evitar um ferimento na córnea, e ele fica dependente apenas do esquerdo. Com a ajuda de uma fonoaudióloga, Dominique aprende a se comunicar através de um sistema lento, mas eficiente, a partir do piscar de seu olho. Através da narração de Dominique, vemos como foi sua vida, os diversos erros que ele cometeu com seus entes queridos, a rua relação com seu pai e seus filhos, a amante que nunca o visitou depois da doença e a sua obstinação em compor um livro que se tornaria best-seller. Baseado em fatos reais.
Nota: 10
4. Tiros na Broadway (Bullets over Broadway, 1994)
Tem filmes de Woody feitos pra gargalhar mesmo: aqui temos um bom exemplo. David Shayne (John Cusack) é um jovem e promissor escritor que como todo jovem escritor sonha em ter uma peça exibida na Broadway. Talento ele tinha, o problema era o financiamento. Com a ajuda de alguns amigos, ele chega a um financiador nada convencional: um mafioso da pesada, que em troca da ajuda exige que David aceite sua amante Olive (Jennifer Tilly) no elenco - sendo que ela não tem talento algum. Pra completar, ele tem que aturar o segurança de Olive, um criminoso que vive dando palpites no roteiro e na direção da peça, e até mesmo a estrela Helen Sinclair (Dianne Wiest), veterana dos palcos e protagonista, vive complicando a cabeça do pobre David. O sempre ótimo roteiro de Woody e as ótimas atuações - destaque, claro, pra Dianne Wiest, que venceu seu segundo Oscar de atriz coadjuvante (e o primeiro também foi por filme de Woody, Hannah e suas irmãs).
Nota: 9,5/ 10
5. A estrada da vida (La Strada, 1954)
Cada vez mais gosto do cinema italiano (e reconheço que deveria ver mais), especialmente de Fellini. Em seu quarto filme (e primeiro de projeção internacional) o diretor se afasta do neorrealismo tão frequente desde o pós-guerra e conta, num tom fabulista, a história da miserável Gelsomina (Giuletta Masina, esposa de Fellini), que é comprada pelo artista circense Zampanò (Anthony Quinn). Zampanò faz um truque banal quebrando correntes, e Gelsomina passa a ser sua assistente, atuando como palhaça, quase uma caricatura de Chaplin. A relação dos dois é marcada pela brutalidade do artista e pela simplicidade das emoções de ambos, quase primitivas. Amor e ciúme guiam o enredo que explora a dualidade de suas personagens: a teatralidade que esconde vidas interiores inexploradas.
Nota: 10

Luís F. Passos

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