1. Antes do inverno (Avant l'hiver, 2012)
Uma série de buquês de rosas vermelhas entregues na casa, no consultório e no hospital em que o Paul (Daniel Auteuil), respeitado neurocirurgião trabalha levanta um mistério na família do médico. Casado há trinta anos com Lucie (Kristin S. Thomas), ele se vê envolvido com Lou (Leila Bekhti), paciente de muitos anos atrás que está visivelmente interessada nele. Pra piorar, seu casamento está degastado e ele percebe que ele a esposa eram dois estranhos dormindo juntos. O aparecimento das flores e de Lou parece ser a oportunidade de revelar fantasmas do passado, no difícil momento que é a chegada da velhice. É hora então de pôr em prova os velhos laços afetivos, incluindo a amizade com Gérard (Richard Berry), velho amigo do casal, e os próprios filhos. Mais um grande título do cinema francês e outro trabalho ótimo de Kristin Scott Thomas.
Nota: 8,5/ 10
2. O segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005)
Por mais que já tivesse ouvido mil elogios ou o quão injusta foi a vitória de Crash no Oscar de 2005, me surpreendi com a qualidade de Brokeback Mountain. Um filme muito sólido, emocionante e nem um pouco apelativo. A história do amor proibido dos cowboys Ennis Del Mar (Heath Ledger) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal) se passa nos anos 60, a partir do primeiro contato, quando foram contratados para tomar conta de um rebanho nos arredores de uma montanha. O tempo passa, ambos constituem família em suas respectivas cidades, se reencontrando raras vezes mas mantendo o sentimento que os uniu. Sentimento transmitido pelas grandes atuações dos protagonistas, em especial Heath Ledger, que se mostrou uma revelação. Tímido e introspectivo, Ennis Del Mar esconde seus sentimentos por trás de uma carapaça de músculos e brutalidade. Tudo isso apresentado como um western pra John Ford ou Sergio Leone nenhum botar defeito - a não ser que eles não deixassem de lado alguns preconceitos.
Nota: 9,5/ 10
3. O Leopardo (Il Gattopardo, 1963)
Eu tava planejando um especial de filmes antigos que receberam restaurações incríveis pra esse mês, mas não deu pra fazer por enquanto. Um dos escolhidos era O leopardo, um dos épicos italianos mais conhecidos e aclamados pelo mundo. Centrado no príncipe italiano Fabrizio di Salina, conhecido como Il Gattopardo, a trama acontece na Sicília dos anos 1860, em meio à luta de Garibaldi pela Reunificação Italiana. O que se vê é uma verdadeira transformação na sociedade, já que várias pequenas monarquias deram lugar à uma grande monarquia onde a burguesia sobrepujava a nobreza. Essa mudança é vista a partir de Tancredi Falconeri (Alan Delon), rico comerciante que de repende se torna figura de prestígio e cuja filha (Claudia Cardinale) se torna el de ligação com a família Salina. Ao longo de três horas de filme o espectador se delicia com uma história monumental e inesquecível que ficou ainda melhor com sua perfeita restauração.
Nota: 10
4. All that Jazz (1979)
Se tem um diretor que me surpreendeu, esse cara é Bob Fosse. O ex-coreógrafo que logo em sua estreia derrotou ninguém menos que Francis Ford Coppola no Oscar de direção de 1972 é o responsável por dois dos melhores musicais que já vi, Cabaret e All that Jazz. Este último, uma versão descontraída e politicamente incorreta de 8 1/2 de Fellini, acompanha o renomado coreógrafo Joe Gideon (Roy Scheider) atravessando uma crise de criatividade enquanto tenta criar um novo show, ao mesmo tempo em que começa a sentir dores no peito - e claro, as ignora, tomando doses e mais doses e whisky e pílulas de anfetamina. Joe, alter-ego de Fosse, rouba a cena nesse vibrante e imaginativo filme, seja bolando coreografias, gritando com toda sua equipe ou flertando com todas as mulheres que vê, até mesmo numa mesa de cirurgia. Tão inesquecível quanto o épico Apocalypse now, do mesmo ano, All that Jazz também foi ofuscado na premiação por Krammer vs Krammer, mas ainda hoje persiste como um dos mais criativos filmes dos anos 70.
Nota: 10
5. Morangos Silvestres (Smultronstället, 1957)
Um dos melhores e mais conhecidos filmes de Ingmar Bergman também é um dos mais influentes. Em filmes como Desconstruindo Harry de Woody Allen podemos ver traços da imortal história de um médico e professor universitário, Isak Borg (Victor Sjöström), que viaja de Estocolmo a sua cidade natal de carro para receber uma homenagem. Um dia na estrada junto de sua nora e uns jovens caroneiros fazem o velho Isak relembrar sua juventude, seu amor por uma prima e pensar em sua vida, mergulhada no trabalho, cheia de decepções, além de pensar na própria mortalidade - tema que inicia o filme, quando Isak tem um sonho sombrio. Coroado no Festival de Berlim com Urso de Ouro (melhor filme) e prêmio de melhor ator para Sjöström, Morangos Silvestres permanece atual e vivo entre sua enorme legião de fãs.
Nota: 10
Luís F. Passos
Nenhum comentário:
Postar um comentário