Em 1959 o mestre do suspense lançara Intriga internacional (North by Northwest), que obtivera sucesso junto ao público e deixara a MGM muito satisfeita. Mas Alfred Hitchcock (Anthony Hopkins) mal saboreara seu último êxito e já procurava um roteiro que servisse de base para um novo projeto. Lhe ofereceram O Diário de Annie Frank, que foi recusado ("Os espectadores passarão todo o filme esperando o sr. Frank encontrar um cadáver no sótão"); ofereceram Cassino Royale de Ian Fleming, que viria a se chamar 007, e ele recusou ("Esse filme já existe, e se chama Intriga Internacional") e recusou outros roteiros que se pareciam com alguns de seus filmes anteriores, afirmando que "estilo é plágio de si mesmo".
A solução para seu problema vem de sua secretária Peggy (Toni Collette), que apresenta o livro Psicose de Robert Bloch, um lançamento que fora chamado de "diabolicamente divertido". Um livro baseado nos assassinatos reais de Ed Gein e que trazia brutalidade, travestismo, incesto e mais brutalidade. Vários estúdios haviam recusado a história, mas Hitchcock foi atraído por ela; leu o livro e decidiu que seria seu próximo filme. Sua esposa Alma (Helen Mirren), sua parceira de longa data, apresenta-lhe o novo livro de um amigo do casal, Whitfield Cook (Danny Huston), que poderia ser um filme de seu marido; Hitch recusa e Alma, apesar de achar Psicose um roteiro barato, o apoia na escolha.
A solução para seu problema vem de sua secretária Peggy (Toni Collette), que apresenta o livro Psicose de Robert Bloch, um lançamento que fora chamado de "diabolicamente divertido". Um livro baseado nos assassinatos reais de Ed Gein e que trazia brutalidade, travestismo, incesto e mais brutalidade. Vários estúdios haviam recusado a história, mas Hitchcock foi atraído por ela; leu o livro e decidiu que seria seu próximo filme. Sua esposa Alma (Helen Mirren), sua parceira de longa data, apresenta-lhe o novo livro de um amigo do casal, Whitfield Cook (Danny Huston), que poderia ser um filme de seu marido; Hitch recusa e Alma, apesar de achar Psicose um roteiro barato, o apoia na escolha.
O problema é que a Paramount, com quem Hitchcock tinha um contrato, também recusa o livro. Insistiram que ele deveria fazer um filme mais convencional, e que não financiariam Psicose. Hitchcock, teimoso, resolveu tirar o dinheiro do próprio bolso, hipotecando sua casa e pondo em risco seu patrimônio. É nesse momento que Alma hesita pela primeira vez seu apoio incondicional a Alfred, mas apenas pergunta a ele o porquê da insistência. Passados os primeiros obstáculos, hora de escolher roteirista e elenco. Sugerem Joseph Stefano, frequentador assíduo de um psiquiatra por seus problemas em lidar com raiva, sexo... e sua mãe - fator decisivo para sua contratação. Para o papel de Norman Bates, Alma sugere Anthony Perkins (James D'Arcy), ator conhecido por estrelar filmes românticos e pela carinha de bom moço; ideal para esconder o monstro da personalidade de Norman. Na entrevista, Hitch descobre que Anthony era muito apegado à mãe quando criança, e se sentia culpado pela morte do pai, quando tinha cinco anos - e foi só falar isso pra ser contratado. Faltava agora a protagonista. A primeira opção foi Grace Kelly, que faria com que a censura amenizasse com o filme, mas o fato dela ter se tornado uma princesa a impedia de levar facadas num filme; depois de algum tempo, é Alma quem sugere Janet Leigh (Scarlett Johansson) para ser a loira Hitchcock da vez. No jantar que o casal teve com a atriz, fica visível a tristeza de Alma diante da empolgação de Hitch com sua nova protagonista, e ela passa a pensar na obsessão dele pelas loiras que ele transformou em estrelas.
Toda a primeira metade do filme tem um caráter documental, mostrando as dificuldades encontradas por Hitchcock para realizar seu filme, e na continuação vemos os problemas pessoais que ele teve de lidar pela dedicação excessiva aos estúdios de gravação. Muito bom também ver toda a produção do filme que é ícone do terror até hoje, 53 anos depois: os estúdios quase lacrados, em que ninguém que não era da equipe podia entrar; a determinação de Hitch em comprar todos os exemplares de Psicose para que ninguém soubesse o fim da história; a inesquecível cena do chuveiro, que demorou uma semana para ser gravada e editada; a briga do diretor com a censura; e a engenhosidade dele para divulgar o filme e provocar a curiosidade do povo americano - fazendo de Psicose (1960) uma febre que levou as pessoas a formarem filas gigantescas diante dos cinemas e rendendo uma bilheteria que faturou sessenta vezes o custo da produção.
"Então, Luís, Hitchcock (2012) é um filme bom?" É. O problema é que criou-se uma expectativa imensa desde que o filme foi divulgado. E um filme sobre a vida pessoal de um dos maiores diretores de Hollywood e sua obra-prima, claro, foi muito aguardado. Pra aumentar as expectativas, o elenco é liderado por Anthonny Hopkins, Hellen Mirren e Scarlett Johansson - o primeiro, ganhador do Oscar por O silêncio dos inocentes, ícone contemporâneo do terror/ suspense, um dos mais queridos e competentes atores do cinema americano; Helen Mirren também é vencedora do Oscar e dona de um currículo invejável; e Scarlett é uma das melhores e mais bonitas atrizes da nova geração de Hollywood. E surpreendentemente, o elenco desaponta. Não digo por Scarlett, mas Hopkins parece apenas uma caricatura de Hitchcock, atrás de uma maquiagem muito bem feita mas muito pouco expressiva. Helen Mirren é extremamente normal, quase apática, e só é salva pelas situações de sua personagem, que ganha destaque na segunda metade do filme. Pra quem, assim como eu, adora Psicose, é um filme bacana para saber muita coisa sobre os bastidores do clássico. Para quem não gosta de Psicose (quem seria o animal?), é um filme sem graça. Para quem não viu Psicose, eu digo que não veja Hitchcock, ou vai perder o gosto que é se surpreender com o filme de 1960.
Nota: 6.5/ 10
Leia também: Psicose
Luís F. Passos
"Então, Luís, Hitchcock (2012) é um filme bom?" É. O problema é que criou-se uma expectativa imensa desde que o filme foi divulgado. E um filme sobre a vida pessoal de um dos maiores diretores de Hollywood e sua obra-prima, claro, foi muito aguardado. Pra aumentar as expectativas, o elenco é liderado por Anthonny Hopkins, Hellen Mirren e Scarlett Johansson - o primeiro, ganhador do Oscar por O silêncio dos inocentes, ícone contemporâneo do terror/ suspense, um dos mais queridos e competentes atores do cinema americano; Helen Mirren também é vencedora do Oscar e dona de um currículo invejável; e Scarlett é uma das melhores e mais bonitas atrizes da nova geração de Hollywood. E surpreendentemente, o elenco desaponta. Não digo por Scarlett, mas Hopkins parece apenas uma caricatura de Hitchcock, atrás de uma maquiagem muito bem feita mas muito pouco expressiva. Helen Mirren é extremamente normal, quase apática, e só é salva pelas situações de sua personagem, que ganha destaque na segunda metade do filme. Pra quem, assim como eu, adora Psicose, é um filme bacana para saber muita coisa sobre os bastidores do clássico. Para quem não gosta de Psicose (quem seria o animal?), é um filme sem graça. Para quem não viu Psicose, eu digo que não veja Hitchcock, ou vai perder o gosto que é se surpreender com o filme de 1960.
Nota: 6.5/ 10
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Luís F. Passos