Produção de 2016 do chileno Pablo
Larrain, responsável pelo excelente No,
Jackie traz os dias que sucederam o
assassinato do presidente Kennedy em 1963 pelo ponto de vista de outra pessoa
extremamente importante para a história do século XX: Jackie Kennedy, sua
esposa, aqui vivida por Natalie Portman. O filme transcorre desde o assassinato
do presidente em si até o período de mais ou menos uma semana após o ocorrido,
dias nos quais Jackie tinha como responsabilidade a organização do velório e
sepultamento do marido, além de uma entrevista para a imprensa numa tentativa
final de tentar manter a imponência e importância do breve império do casal que
ruiu de maneira tão trágica, repentina e aos olhos de milhões de pessoas em
todo o mundo. Além da grande responsabilidade, Jackie deve fazer tudo isso com
o peso do luto, do remorso, da incredulidade e do sofrimento pela experiência
traumática e a drástica mudança em sua vida.
Por si só, Jackie já é um filme interessante só por sua proposta. Raramente
temos uma oportunidade tão boa de observar um pouco a vida nos bastidores da
história. Mesmo tendo estado no centro de um furacão político do momento em que
John Kennedy assumiu a presidência até o momento em que foi atingido pela bala,
Jackie sempre ocupou uma posição secundária, como uma simples coadjuvante que
servia muito mais como um modelo de moda e comportamento feminino do que como
uma figura de importância política. Eternamente famosa por sua elegância, bom
gosto e dignidade, em Jackie vemos um lado mais profundo da primeira dama e
descobrimos o quão intelectual, corajosa e forte aquela mulher realmente é.
Suas aflições, sua resistência e a maneira como se impõe com firmeza enquanto
tudo desmorona é admirável. Coroando tudo, temos a atuação perfeita (não tem
outro adjetivo mesmo) de uma Natalie Portman em seu melhor trabalho junto à
Cisne Negro. Através de suas expressões, conseguimos captar toda a complexidade
e confusão de sentimentos que passam pela cabeça de Jackie e sentir todo seu
poder independente do quão adocicada seja sua voz e o quão delicada seja sua
aparência.
Nota: 9,0/ 10
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